O que é ciclo de trabalho e como ele pode arruinar uma máquina de solda?
Autor: Isaias Malta
Muitos fatores contribuem para a constituição das faixas de preço das máquinas existentes no mercado. O mais importante deles é o ciclo de trabalho, ou seja, a capacidade de a máquina operar antes de entrar em superaquecimento. As máquinas do tipo hobby apresentam um ciclo de trabalho pequeno, enquanto as profissionais têm grandes ciclos de trabalho que se aproximam dos 100%.
Os dados de ciclo de trabalho são tão importantes, que as máquinas de solda as trazem impressas no seu painel frontal em uma placa de identificação, são essas informações que valem, portanto, são mais atualizadas do que as constantes no manual.
Então, vamos a uma definição bastante abrangente de ciclo de trabalho segundo o manual de uma máquina MIG/MAG da ESAB:
Chama-se Fator de trabalho (F.t.) a razão, em percentual, entre o tempo durante o qual uma máquina de soldar pode fornecer uma dada corrente máxima de soldagem (tempo de carga) e um tempo de referência; conforme normas internacionais, o tempo de referência é igual a 10minutos.
Um fator de trabalho nominal de 35% significa que a máquina pode fornecer a sua corrente de soldagem máxima durante períodos de 3,5 min. (carga), cada período devendo ser seguido de um período de descanso (a máquina não fornece corrente de soldagem) de 6,5 min. (3,5+6,5=10min.), repetidamente, e sem que a temperatura dos seus componentes internos ultrapasse os limites previstos por projeto.
O mesmo raciocínio se aplica para qualquer valor do Fator de trabalho. O Fator de trabalho de 100% significa que a unidade pode fornecer a corrente de soldagem especificada ininterruptamente, isto é, sem qualquer necessidade de descanso. Numa máquina de soldar, o Fator de trabalho permitido aumenta até 100% a medida que a corrente de soldagem utilizada diminui; inversamente, o Fator de trabalho permitido diminuía medida que acorrente de soldagem aumenta até o máximo da faixa. Fonte: manual ESAB
É interessante lembrar aqui que nas máquinas de solda MIG desprovidas de relé ou contator, o tempo de descanso não vale enquanto o transformador estiver ligado, pois nesta situação ele continua se aquecendo. Portanto, é prudente colocar o botão de potência na posição “zero”, aquela que permite com que a ventoinha continue funcionando, mas desliga o enrolamento primário do transformador. Neste caso sim, há o efetivo resfriamento do Trafo.
Afim de evitar que o ciclo de trabalho seja ignorado pelo operador, as máquinas de solda são equipadas com um disjuntor térmico de sobrecarga colado ao transformador. Assim, após acionados, eles não permitem a religação da máquina até que a temperatura dos rolamentos não baixe para valores aceitáveis. Eventos sucessivos de sobrecarga numa máquina levam necessariamente ao derretimento dos seus componentes mais caros e, consequentemente, à sua perda.
Uma maneira bem eficiente de aumentar o ciclo de trabalho numa máquina é dimensionar adequadamente os condutores tanto positivo quanto negativo, assim como a garra negativa e a tocha/porta eletrodo. Conforme explicado no vídeo, fios subdimensionados, garras improvisadas, conexões malfeitas e emendas que não deveriam existir são fontes de superaquecimento.
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